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Editorial

Vivemos tempos diferentes, tempos únicos, provocados por uma crise pandémica que nos obriga, sob todas as dimensões, a (re)pensar em tudo o que era adquirido como normalidade. Quer na dimensão pessoal quer, sobretudo, na vida coletiva.


A cultura sofreu perdas, deixámos de usufruir e sentir livremente as expressões artísticas nos palcos habituais do TMG, sob a regularidade de uma programação sem limitações. Fizemos o que se impunha fazer. Sem a pressão de reabrir para sermos os primeiros. Optámos pela responsabilidade social e salvaguarda das regras de segurança e saúde públicas. Mesmo assim, fizemos em julho um regresso pontual com o festival de jazz e blues, num formato ao ar livre, servindo como processo de reenquadramento e adaptação da nova programação em tempos de covid-19, desde a paragem do TMG a 16 de março.


Destaque também para a criação da plataforma digital TMG360, com conteúdos sobre a história do Teatro e ao mesmo tempo uma visita virtual. Um projeto pensado e executado em plena quarentena.


Não quisemos deixar de fazer acontecer, tornando a rua o palco aberto e seguro de práticas artísticas com o envolvimento, quase exclusivo, dos artistas e associações criativas locais.


Por outro lado, o Município da Guarda assumiu todos os compromissos com os artistas que estavam agendados no período da quarentena, não cancelando nenhum espetáculo e adiando os mesmos para datas futuras (entre final de 2020 e primeiro semestre de 2021).


Estamos a regressar, sob novas regras de funcionamento, necessariamente com opções adaptadas à nova realidade. O TMG irá assegurar todas as condições e normas de higiene e segurança sanitária estipulados pela DGS para garantir a segurança de funcionários, artistas e público. Uma das mudanças é a opção de dividir a temporada do último quadrimestre do ano em dois meses de programação (setembro e outubro e depois novembro e dezembro) por questões de prevenção devido à evolução da pandemia.


Uma das principais apostas da nova temporada, entre setembro 2020 a janeiro de 2021, passa pelo apoio à criação com convites a artistas locais para desenvolverem o seu trabalho no TMG, em residências artísticas para posterior apresentação no TMG. A iniciativa piloto tem a designação de Incentiv[art], funcionará como incubadora de projetos artísticos multidisciplinares, e será transversal às outras estruturas culturais do município (Museu e Biblioteca). Uma plataforma de criação para incentivar novos criadores e cruzamentos artísticos, apoiado ao ressurgimento de um ecossistema cultural mais ativo na cidade, concelho e região, necessário para robustecer a candidatura a capital europeia da cultura Guarda 2027.


Nesta programação, de setembro a outubro, vão acontecer no TMG cinco estreias nacionais, com o destaque da nova produção teatral (Alma) de Tiago Correia que tem co-produção do Teatro Nacional de São João. Damos continuidade às comemorações do 15º aniversário do teatro com espetáculos encomendados (Kayzer Ballet), exposições (Miguel Silva e Sara Teixeira) e um documentário (Hugo Moreira). Destaque também para o festival One Man Band, a Orquestra Académica Filarmónica Portuguesa e o Síntese – 14º Ciclo de Música Contemporânea.


Eis o regresso à fruição cultural nos espaços do teatro, nestes novos tempos desafiantes para todos, no desejo de que possamos progredir em segurança.


Vítor Manuel dos Santos Amaral

Vice-Presidente e Vereador da Cultura